Meu primeiro inspiro.
Eu vim tão pequena
Sem saber o que ia encontrar
E antes de ver o mundo com meus olhinhos
Senti a dor de nele estar.
Aquele respirar com desconforto
Sem o quentinho da minha casinha costumeira
Aquele frio e barulhos novos
Fez eu logo perder a estribeira.
Desesperei-me em um choro alto
À procura de algo que pudesse reconhecer
E no contato pele a pele fui colocada logo
Ouvindo do coração da Mamãe o seu bater.
Ainda não entendia o que vivia
Mas sabia que aqueles cheiros e vozes eram familiares
Senti as mãos perto também do papai
E sosseguei com aqueles carinhos peculiares.
Decidiram que eu precisava de um capacete com arzinho
E me separaram dos meus pais
Fui logo então tirar um soninho
Pois as novidades eram para uma só pessoinha demais.
Acordei e me encontrei em um ninho
Já sem capacete e sem aqueles furinhos que me faziam sofrer
Junto do seio da Mamãe encontrei então meu caminho
Para minha barriguinha eu abastecer.
Papai com aquelas mãos grandes e levemente desajeitadas
Aprendeu a limpar minha caquinha
Revezando com minha Mamãe cansada.
Em seu colo peludo depois de mamar
Eu dou os meus arrotinhos e cochiladas
E o lanço meus olhares fofos
Para ele saber que me sinto amada.
Pensei que minha antiga morada
Tinha sido o melhor lugar para se estar
Mas depois que conheci minha família amada
Entendi o porquê de eu ter vindo logo para cá.