PÁTRIA ALIENÍGENA.

PÁTRIA ALIENÍGENA.

Não mais reconheço os rostos que dantes me assustavam

Viraram estatuas de sonambúlicos pesadelos de muitos passados

Olharam para dentro de suas mentes medusas e pétreos ficaram

Esquecidos nos jardins orgiásticos de seus tempos hipócritas.

Em fotografias de púberes existências haviam os sorrisos verdadeiros

E hoje são tristes olhares destemidos de arrogância, vaidades e desilusão.

No seio que fui nascido, dia após dia, os nós se apertavam

Criaram classes na casta que causavam vergonha nos meus antepassados

Desprezavam os já desprezados e entre eles prevaricaram

E foram tantas as excelsas criações de excelências incógnitas

Que a consanguinidade nos exilou como meros estrangeiros

Onde o alimento da terra é exposto na vitrine da sua própria incompreensão

Esquecem que em algum momento do universo deixaremos de existir.

A arvore da vida é uma só, e dela não há para onde fugir

Então coloque seu ego no seu lugar, um lugar bem pequeno

De nada valerá fortuna, posição social, ser preto, branco ou moreno

A nossa linhagem está destinada a virar registro fóssil

E narcisisticamente o daltoniano se elevará à sua escravidão dócil.

Por mais que fujas, o seu código de barra é conhecido pelo parasita

Jamais esquecerão quem tu és, de onde veio e para onde vai

Nessa pátria alienígena é-te laçado à uma eterna prisão de desconfortos

E por mais longínquo que esteja e estão os teus pensamentos

É ali que caberão as saudades e o pesar dos nossos mortos

Onde ainda há uma esperança e a fome por palavras de carinho

E a sede por abraços esquecidos. Quiçá o arrependimento se faça visita

Fomos geridos pela mesma semente que de filho nos torna pai

Sei que o fruto é doce como pimenta para paladares absortos

Mas por onde andei, cá comigo sempre guardei os bons sentimentos

Meu mundo sempre foi cego com olhos muitos despertos

O ser que a todo momento foi julgado, só teve o sofrimento como padrinho

E por mais que extirpem a essência, a mente é cela de belas lembranças.

Flerto com nova visão, um mundo aonde pensamos como crianças

Sem medos, julgamentos e a ingenuidade de amar o semelhante

Uma casamata que nos proteja do futuro e de uma ambição ignorante

Aonde o dinheiro não julgue o caráter e a soberba não traga seus maus-tratos

Mas o desespero é uma doença,... Que só tem remédio com infartos

E a solidão me abraçou com a paz e a alegria de uma reclusão tranquila.

Quanto tempo desperdiçado com fofocas e banalidades

Quanta língua mordaz apta para as suas improbidades

Rebobine o seu cérebro, veja o replay, faça-te uma cirurgia!

Quem sabe a vergonha de pedir perdão, de ti, se desopila

E àquilo que lhe prende fora da razão,... Nos liberte dessa autofagia.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 05/02/2018
Código do texto: T6246192
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.