Consangüíneos que nunca vi

Tenho alguns irmãos que moram longe!

Nunca vi a expressão de seus olhos,

Assim como eles nunca focaram em mim seus olhares.

Nunca senti o calor de seus abraços,

Nunca apertamos nossas mãos, nunca enlaçamos nossos abraços.

Nunca sentamos num barzinho ou numa praça pra jogar conversa fora.

Jamais fizemos caminhadas

Pelas mesmas trilhas.

Nunca ouvi a voz deles,

Nunca cantei pra eles,

Assim como jamais os ouvi cantando e falando

pra mim.

Nunca deitamos nossas epístolas

nas mesa e nem falamos

das penosas cartas que a vida

nos fez ocultar nas mangas.

Nunca eles souberam de fato

Como é o meu cotidiano

E nem como eles

São na sua sucessão dos dias.

Nunca rimos juntos por qualquer pequena ou

Grande alegria,

Nem estamos juntos nas horas das nossas crises,

angustias ou amargura.

Sei que existem, que me amam.

E sente a minha falta.

Sei que eu os amo tanto,

Que neles me diluo!

Eu os vejo todos os dias numa pequenina tela de ilusão:

Frágeis e irisadas calunga

Que cá chegam nas asa

De uma canção, prosa ou poema.

Enquanto eu os alcanço

Todos os dias levando-lhes

um pouquinho do meu amor

em meio às minhas exaltadas

subliminares mensagens

Que tomam forma de tudo,

Mas adubam sempre na

mesma – e tão antiga melopéia.

RAFAELA TAINAN SILVA DE CARVALHO
Enviado por RAFAELA TAINAN SILVA DE CARVALHO em 08/05/2008
Reeditado em 08/05/2008
Código do texto: T980284