MÃOS PARA O ALTO!

“Mãos para o alto!” — me disse

o gatuno, sem alvoroço.

Arrebatou-me em seguida

o relógio do pulso

e o cordão do pescoço.

Mas para o rato era pouco...

Levou-me as calças de brim

a camisa de malha

meu tênis surrado

a mochila de lona

meu ordenado...

E debandou como um louco.

Depois, quase desnudo,

sorri feliz na avenida

porque ainda tinha tudo:

— a Vida! —

E ajoelhei-me no asfalto,

agradecendo a Deus

de “mãos para o alto”...

* * *

Dorival Coutinho da Silva
Enviado por Dorival Coutinho da Silva em 16/07/2008
Reeditado em 07/10/2008
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