MARIA HONÓRIA
Maria Honória era assim: mal-acabada,
Cabelo pouco, testa enrugada,
Dava risadas de lado,
Falava mais quando sonhava.
Sua silueta era até jeitosa,
Cintura fina, joelhos redondos,
Mas a batata da perna alargava.
Vivia o dia todo na vizinhança,
Atrás de conversas e sempre alerta.
Sua mãe se preocupava muito e afligia:
- Será que um dia Maria Honória se encanta?
A moça estava passando da hora
De moça da roça se casar.
Não se aprumava como as outras,
Não gosta de rouge nem batom.
Vivia no mundo da lua,
Não gastava pensamentos com o dia de hoje.
Um dia falou: - Vou-me embora pra cidade
Procurar emprego e marido.
E foi. Depois mandou uma carta
Contando que tudo tinha se resolvido.
O emprego estava garantido
Na lanchonete de dona Ziza,
A sogra que conheceu na feira
E que lhe arranjou marido.
São Paulo, 15 de abril de 2009.