MARIA HONÓRIA

Maria Honória era assim: mal-acabada,

Cabelo pouco, testa enrugada,

Dava risadas de lado,

Falava mais quando sonhava.

Sua silueta era até jeitosa,

Cintura fina, joelhos redondos,

Mas a batata da perna alargava.

Vivia o dia todo na vizinhança,

Atrás de conversas e sempre alerta.

Sua mãe se preocupava muito e afligia:

- Será que um dia Maria Honória se encanta?

A moça estava passando da hora

De moça da roça se casar.

Não se aprumava como as outras,

Não gosta de rouge nem batom.

Vivia no mundo da lua,

Não gastava pensamentos com o dia de hoje.

Um dia falou: - Vou-me embora pra cidade

Procurar emprego e marido.

E foi. Depois mandou uma carta

Contando que tudo tinha se resolvido.

O emprego estava garantido

Na lanchonete de dona Ziza,

A sogra que conheceu na feira

E que lhe arranjou marido.

São Paulo, 15 de abril de 2009.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 07/05/2009
Código do texto: T1580842
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