A EPIDEMIA

Foi, para alguns, o alinhamento

Dos planetas

Já outros culpam o advento

Da internet

O fato é que uma epidemia

De chifres houve

O bairro não foi mais o mesmo

Dali pra frente

Cansadas já de suas tão

Medíocres vidas

Enquanto os tais gabavam-se de

poder tudo

Um dia aquelas donas-de-casa

Oprimidas

Se ergueram contra seus maridos

Barrigudos

A lenda reza que a pioneira

Foi Dona Penha

Primeira vítima: seu marido

Seu Queiroz

Pegou um fantasma no sofá

Só de cueca

Tão grande foi o susto que ele até

Perdeu a voz

Depois que Nilda foi vista

Dentro de um fusca

Cabo Dalmácio chegou tentar

Um suicídio

Ela sumira e todo o povo

Fez a busca

Fazia o quê, não vou dizer

Gravaram em vídeo

João tentou fechar os olhos

Nada ver

Mas isto fez o seu destino

Ser pior

O povo todo acompanhou

Dona Zezé

E o nomeou o rei dos cornos

Sem ter dó

E a negra nuvem se espalhou

Por cada rua

Mesmo a beata dona Bilu

Se rendeu

Cada macho do bairro teve

A parte sua

Foram todos contemplados, claro,

Menos eu

Hoje ninguém mais comenta

Sobre estes fatos

Todas as damas são direitas

Quem contesta?

E os seus maridos se tornaram sérios

Mais pacatos

Talvez porque se lembrem ainda

Do enorme peso na testa

Enviado por Jimii em 30/03/2008