Bucho de Cobra
 
Valei-me, meu pai do Serro!
Sem fé diante do que vejo
Apelo para o desterro
Tamanho a esse manejo
Por certo esta alegria
Não tem hora nem dia
A gula mais merecia
O prato era um caldeirão
Comendo com própria mão
Eu vi a glutonaria.
 
Sem fundo era o caldeirão
Macarrão e carne moída;
Farofa, arroz e feijão;
Maionese e o sal na medida;
Costela e Costelinha;
Mandioca e canjiquinha;
E uma porção de torresmo,
Não minto, eu vi mesmo!
O sujeito seis vezes repetiu
E morreu numa barrinha.
 
Uma vez já foi medonha,
A segunda um absurdo,
A terceira uma vergonha,
Na quarta eu fiquei mudo.
Sem ter falta nem sobra
A fome já foi suprida
O resto vai pras lombrigas
Valei-me por essa obra!
Isso não é uma barriga
E sim um bucho de cobra.
 
Ademar Siqueira
Enviado por Ademar Siqueira em 12/01/2014
Código do texto: T4646024
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