Rabo Preso

Queria me por cabresto

Encompridar meu vestido

Se meter no meu decote

O cafajeste enrustido

No início era só flores

Me chamava de amorzinho

Minha roupa elogiava

Curtia até meu shortinho

Aos poucos se revelando

Foi ficando enciumado

Não queria que eu saísse

Nem olhasse para os lados

Um dia desconfiada

Seu celular confisquei

Seus bolsos examinei

E para minha surpresa

O rabo preso encontrei

Um bilhete dobradinho

Com a letra de menina

O chamava para um encontro

No boteco da esquina

Naquela noite medonha

Calmamente me arrumei

Fui atrás do sem vergonha

E os dois juntos flagrei

Olhei os dois bem nos olhos

A dor e o choro engoli

Bebi a cerveja dela

Dei uma banana pra ele

E porta afora saí

Fiz a mala do cretino

No meio da rua joguei

Sem cuidado e sem pudor

E quando o galo cantou

Pela janela espiei

A mala já tinha ido

Junto com as tralhas, o amor

Rosamaria Gurniak
Enviado por Rosamaria Gurniak em 05/01/2018
Reeditado em 24/08/2021
Código do texto: T6217613
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