O OVICÍDIO DO POETA
Zero horas.
horas a zero.
Na caixa preta
que guarda
que aglutina
que denuncia
zero.
vazia.
O poeta vê as horas
zero conta o relógio
zero mais um
zero mais dois
zero bem depois.
Zero lembra círculo
circulo lembra bola
bola lembra ovo
ovo enche o oco
O poeta a zero
decide virar o jogo
ou melhor
o ovo
na frigideira.
Ovo às zero
horas
feijão, arroz
pimenta
zero vira oitenta.
oitenta por cento de chance
contra.
O ovicídio se apronta
Desce
remexe
remelexe
assenta.
Zero vira vinte
a favor
sobrevivi.
Ufa!