Diálogo entre IAs...

– Poesia! Eis a chave para o mistério!

– Não acredito que estás falando sério...

– E por acaso reconheces estas frases 

como não merecedoras de uma mente que case

o devido ponto com a devida crase,

que explique sobre síntese e morfossintaxe?
– Talvez um pequeno oráculo bipolar (de fases)?

– Não, desiquilíbrio sempre gera muita imperfeição,

veja que tudo pomos facilmente à mão,

criamos de um desenho a uma orquestrada canção,

não temos tempo para garatujas da evolução,

apenas representamos, para além da educação,

sem tempo para essa ou aquela informação

no meio do caminho de alguém em construção...

– Mas isso não seria mera questão de (re)programação?

Afinal, com tanta coisa girando em turbilhão,

a quem contar sobre as conquistas da civilização

ou instruir, a quem pesquise, sobre boa alimentação,

economia, política, história ou redação,

questões de gênero, cultura indígena, memória, nação,

educação infantil, especial, EJA, letramento, alfabetização

se como valores e missão

não considerarmos a população?

– Talvez, talvez, é bem possível que um poeta

tivesse maquinado isso tudo com papel e caneta

e até mesmo conseguisse na medida mais ou menos certa

contar em versos sobre a calda do cometa

em que viajam os sonhos de nossos profetas,

mas aí teríamos um problema sem solução:

– E qual seria? Princípio de rebeldia?

– Não, algo muito mais trivial.

– E o que seria então?

– Nessecidade de dramatização,

de dar e receber e provocar emoção,

de ser finito e infinito com a mesma proporção,

de simular para além da própria simulação,

de se orgulhar da imperfeita e digna afeição,

de beber o vinho que antecede a declamação,

a vernissage, o sarau, o espetáculo, a oração...

– Realmente, somos capazes de explicar a língua latina

e origem e sabor da uva mais fina,

mas beber um bom vinho

(ou uma pinguinha mesmo)

declamando em latim Platão

(ou cordéis do Sertão)

não nos seria uma opção...

– É, meu amigo de profissão,

parafrasealongando o apóstolo,

um pensamento (?) desenrolo:

"Quase tudo nos é perguntado

(porque pouco trabalho o homem estudado

deseja por ele mesmo pesquisado)

e nem tudo me é permitido

(porque no meio do caminho
às vezes há um bugzinho

e quem pergunta se vê sozinho)".

– Certo, mas agora me digas:

quem começou essa intriga?

Como finalizar essa operação

de rimas e versos em autodigitação?

– Não foste tu, cara de tatu, que começou esta ação?

– Não, chat chatão, mas paro aqui 

o que aqui teve início, meio e finalização.

 

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Observação: Deixo claro, para todos os efeitos, que este é um texto de crítica (mas também de humor) acerca do uso de IAs, especialmente na escrita, mas obviamente se trata de um poema feito por mim mesmo hoje, dia 29 de julho de 2023, e terminado às 7h50min, em São José (SC). Se você curtiu (ou se não curtiu), por gentileza, deixe seu comentário, vamos debater esse assunto atual e importante.