AMOR ALIENANTE
Era um sábado de calma,
Lá fora a chuva caía,
Um clima de nostalgia
Invadia a minha alma...
No peito uma dor estranha,
Um desejo inexplicável
Uma vontade tamanha!
Sentimento imponderável...
Olhei para o telefone,
Nem um nome me surgia,
No meu peito um ciclone
Aos poucos me envolvia.
O pequeno mal estar
Transformou-se em tormento...
Nessa hora o que pensar?
Onde encontrar acalento?
De súbito, em minha mente
Um toque abençoado...
Uma força que arremete...
Lembrei que no quarto ao lado
Havia um computador
Conectado à Internet.
Ansioso, procurei
Algum relacionamento
Num chat, num bate-papo...
Num átimo, me acalmei
Resolveria de fato,
Poria fim ao tormento?
Não foi difícil encontrar,
A demanda estava boa,
Só gente bem resolvida,
Culta e sorrindo à toa...
Gente bem sucedida,
Inteligente, sensível,
Era um ambiente incrível
Com mil conselhos de vida!
Cada qual com quem teclava,
Uma emoção eclodia!
Mulheres com quem sonhava,
Sensualidade, magia.
De repente eu me via,
Teclando com mais de dez,
Todas fiéis aos meus pés,
Em mim já não me cabia.
Me sentia um marajá,
Mais nobre que um rajá,
Perdi até a noção do tempo...
Avalanches de paixões,
Fiquei ébrio de emoções,
Acabou-se o meu lamento.
No meu harém já contavam
Professoras, engenheiras,
Doutoras e PHD(s)...
Às vezes tumultuava,
Mas, vaidoso, eu pensava:
Cada qual na sua vez...
Se uma desclassificada,
Por acaso aparecesse,
Logo eu desconverssava,
Não era de meu interesse.
De repente, num segundo
Num pique de energia,
A conexão caía,
Desabara o meu mundo.
Fiquei puto, furioso,
Logo me enchi de ira,
Dei socos, fiz cara feia...
Mas, jeito não tinha não,
Pois a onda da razão,
Levou meu castelo de areia.