Filosofia no Banheiro

Quando eu era um guri

sentava na privada

e, enquanto vacuava,

ficava a ler algum gibi.

Quando terminava, gritava:

"mãe, vem me limpar!"

e, enquanto ela não chegava,

eu ficava a divagar.

Pensava na vida, na morte

"por que sou uma pessoa tão azarada?

Onde está a minha sorte?"

Elaborava teses malucas,

imaginava planos, criava arapucas.

Pensava, discutia sozinho, assim

"Quando estiver próximo o meu fim

descansar eu poderei, enfim?"

E quando minha mãe vinha

toda apressada, da cozinha

e me limpava, com asseio,

eu já estava cheio

de tanto pensar, filosofar

e saía correndo, sem medo

para que pudesse brincar

e que não parasse de brincar tão cedo.

Maringá, 5 de setembro de 2005

(à professora Fátima Aparecida Morais Mewes)