A Poesia do Peroá

A prancha submersa me leva

Mas nem sei se quero ir

Entre mares revoltosos e peroás nada gordurosos

O meu pileque cria monstros e mares assombrosos

Fiquei tonta, chamei quiosque de “quisque”

Tomei cerveja e arrotei fragmentos de whisky

Areias lotadas e espaço não há

Assovio para o garçom:

Me traga agora um peroá!

Minha mesa? Eu sento mesmo na rua

Engradados de cerveja me sustentam

E a cachaça eu tomo crua

Hoje, só hoje... Deixarei nas areias o meu coração

Quem sabe um pescador de bêbadas me leve de arrastão!

E o peroá... Tão pequenininho

Quanto mais incompleto

Mais aumenta o seu precinho

O sururu? Desapareceu da minha frente

A ostra? Não dá pra engolir demoradamente

A farofa? Lembra os farelos de minha vida

O peroá? Faz digestão em minha barriga

É hora de ir embora

Estou muito mais que tonta

Já chamei urubu de meu loiro

Mas primeiro tenho que pagar a conta

Quando chego em minha mesa improvisada

Tomo um susto, dou um grito, sinto medo

Meu peroá pequenininho e carnudo

Agora não passa de um esqueleto

Fui.......

Fui... E ainda acompanho o trem das onze

Irchi!!! O trio elétrico

RAUUUUULLLLLLLLLL...

Tô de frente pra o mar...

Mas pensei que fosse a "Lagoa Azul”

Renata Mofati
Enviado por Renata Mofati em 25/03/2008
Código do texto: T916408