UM CONTO DE METAL

Fiquei sabendo

que você era rockeira

desejei-te a vida inteira

essa é a hora de tentar.

Eu joguei fora

meus cd's de Fábio Júnior

levo o Ozzy no meu punho

só pra te impressionar.

Só uso preto

se tornou meu pesadelo

ter que cortar o cabelo

ou usar uma outra cor.

Comprei um disco

desse tal de Sex Pistols

meu ouvido não suporta

mas meu coração gostou.

Tomei uísque

tomei pinga, tomei vinho

transformei o meu caminho

onde o vinho me conduz.

Virei ateu,

virei gnóstico, budista,

só não quis deixar na vista

que meu nome era Jesus.

Fiquei com medo

de escrever-te uma poesia

pois tão grande é a agonia

que me causa teu amor.

Roubei uns versos

de Carlos Drummond de Andrade

e disse que era na verdade

Dylan Thomas e Rimbaud.

Fiquei sabendo

que você curte cinema

e pra melhorar o esquema

muita coisa eu assisti.

Eu vi Carlitos

mesmo mudo causar riso,

vi "Cinema Paradiso"

e Glauber Rocha eu não entendi.

Fiquei pensando

as coincidências que não temos

li "A Era dos Extremos"

só pra gente debater.

E depois disso

tatuei todo o meu braço,

dei uns tapas no barato

mesmo sem sentir prazer...

Não fiz a barba

pra virar socialista

fiz pose de guitarrista

pra você olhar pra mim.

Pintei uns quadros

pra expor na galeria

mas você sequer os via.

Por que as coisas são assim?

Comprei uns livros

de ciências, de magia,

de história e filosofia

pra poder te emprestar.

Eu fiz uns versos,

inventei uma paranóia,

tentei dar uma de Goya,

fiz sonatas ao luar.

Eu tive amigos,

tive fãs e seguidores,

tive amores, tive dores,

mas você nunca terei.

Eu já sabia

meu destino era maldito

já dizia Raulzito:

Sou cowboy fora da lei.

Alexandre Magno
Enviado por Alexandre Magno em 19/04/2008
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