TROCANDO DE LUGAR

Melhor amontoar essas

idéias num canto.

Chorar alguma dor nova,

regar as plantas do vizinho.

Cuidar do pássaro, do abraço,

do antigo e do prematuro.

Melhor é acordar desse estágio

sem graça e sem rumo.

Bolinar desejos loucos em

ouvidos santos, entregar

o copo e pedir mais um

corpo, de vinho.

Melhor mesmo é trocar as

palavras de lugar...

Fazê-las ninar, gritando em

signos o que o ouvido não

entende, semiótica do acaso.

Plantar batatas é melhor que

mudar o mundo, hoje, só hoje!

Talvez esse gosto de céu na boca,

e esse sal inundando meu templo

seja um presságio, o anestésico

do vento, inaugura a dor...do outro.

Aqui dentro, o dia não passa.

Luciane Lopes
Enviado por Luciane Lopes em 29/05/2008
Código do texto: T1009945
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