TROCANDO DE LUGAR
Melhor amontoar essas
idéias num canto.
Chorar alguma dor nova,
regar as plantas do vizinho.
Cuidar do pássaro, do abraço,
do antigo e do prematuro.
Melhor é acordar desse estágio
sem graça e sem rumo.
Bolinar desejos loucos em
ouvidos santos, entregar
o copo e pedir mais um
corpo, de vinho.
Melhor mesmo é trocar as
palavras de lugar...
Fazê-las ninar, gritando em
signos o que o ouvido não
entende, semiótica do acaso.
Plantar batatas é melhor que
mudar o mundo, hoje, só hoje!
Talvez esse gosto de céu na boca,
e esse sal inundando meu templo
seja um presságio, o anestésico
do vento, inaugura a dor...do outro.
Aqui dentro, o dia não passa.