Preocupações de um Presunto.

Meu Deus!

Eu tinha tanta coisa para fazer

Fui dormir

E acordei morto

Não, não

Não acordei

Morri dormindo

Será que essa modalidade de morte é covardia?

Prometi brincar com meus filhos

Trabalhar menos e dedicar mais tempo à minha família

E a casa de praia, não comprei...

Minha sogra, aquela velha chata

Jurei que ia tentar gostar dela um pouco

E aquele vizinho desagradável

Todos os dias estacionava o carro na minha porta

Aquela gorda, sempre passeava com aquele cãozinho irritante

E ele fazia cocô na minha calçada

Dizem que a rua é pública

Mas, a calçada não. Eu pago I.P.T.U.

Também sou eu que lavo a calçada depois

E os produtos e a água são pagos com o meu dinheiro

Voltando aos meus filhos...

Como não me dediquei o suficiente a eles

Será que em breve vão me esquecer?

Será que vão gostar de alguém que lhes possa oferecer

Mais do que eu pude?

Será que logo serei só lembrança?

E depois, nem isso?

Efigênia Saraiva.

Julho/2008.

Efigênia Saraiva
Enviado por Efigênia Saraiva em 25/07/2008
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