"INDIGESTÃO"

Vejo folhas caindo na caída do outono,

Vejo corpos perdidos num mundo sem dono,

Feroz como bicho, comemos nossa carne,

Sangramos nossas almas,

Assim como degradamos nossa espécie.

Como vigia de minha vida,

Não deixo sombras levianas, doídas

Arrastar nessa terra de choros e agonias

Minhas vísceras, minha consciência.

Minhas lembranças, que tranco entre as

Portas da morte e da vida.

“não falharei nenhum dia

enquanto os suspiros incomodarem meus pulmões,

enquanto os sonhos não viraram alucinações,

os olhos enxergarem luz.

“não permitirei

que suguem de meus olhos, lágrimas,

pedaços de sofrimento,

prefiro a dor de uma ferida aberta

do que a promessa de uma vida eterna.

“não desistirei

pois não tenho vocação para covardia,

os pés que piso, suportaram cada dia,

mesmo que a morte me faça escrava

de sua arrogância.

Não renascerei.....

Não renascerei.....

Pois se não dou outra chance a vida,

Não darei esse gosto a morte...