" Asas Negras"

Aves de sangue

Voam no espaço, no céu, nas nuvens,

No escuro em pedaços.

De noites cortadas,

Voa como sabe voar.

-bicos que sabem bicar-

asas que sabem bater, abanar,

decola então do chão

de nuvens,

tapete dos sonhos,

vão procurar nas ilhas

outros mundos.

Anti-cristo do passado,

Abutres do pecado,

Divisor do amor

E do Recado,

Bico bicudo

Que me contamina o sangue.

Ave que voa rasante

Nesse azul do mar

Cadê o céu...

Fugiu.

Leve-me todo o sangue

Pássaro da noite, enfermo,

Patas de dragão,

Olhos de águia,

Penas de pavão,

Anjo, alma, guardião,

Roube-me a fala,

Mais nunca a razão,

Leve-me o suspiro,

Mais deixe a ilusão,

Roube meus desejos,

Mais não crucifique

Minhas mãos-

-Não me faça cristo.

Ave que de olhos vermelhos

Observa-me,

Conceda meu reflexo no espelho

Tire de minha alma,

A agonia, lepra,

O esterco de uma vida,

Não me faça cair de joelhos e

Implorar-te perdão,

Voe da minha alma primeiro,

Espírito perdido, herege,

Me de a chance do segundo,

(Preferência)

Em minha face, aparência

Me faça continuar assim...

Viva aonde da pele arrepia,

No gélido suspiro do dia,

Os olhos a boca,

Minha carne fria,

Corta a pele

-covardia-

guarda meu rosto branco

-apatia-

suspira medo-

olhos apagados,

asas que não voam.

Essa ave que não

Compreende a dor,

O desespero,

É uma aventureira

Sangrenta,

Que voa como o ódio,

Pela mente

Apagando corpos

Por onde passa,

Pelas ilhas

Colecionam

Chamas da vida, “almas”