A minha ração

Alimento-me com as sobras

Com os restos que deixas escapar

Engulo tuas lágrimas derramadas

Como um suco gelado, amargo

Começo a me nutrir por saber

Que você vai jogar fora tuas angústias

Guardo o rebotalho de tuas rimas

Perdidas numa folha qualquer

Amassada numa gaveta mofada

Faço rimas de tua dor, de tua cor

Mastigo teu silêncio ensurdecedor

A ausência serve como aperitivo

Como um glutão vou sorvendo teu sorriso

Aquele que ninguém quis ou não viu

Alienada de tudo ao redor

Junto Restos de amores jogados e perdidos

Amaldiçoados e eternizados

Pela tinta que o escreve

E pela audácia de quem os publica.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 26/12/2008
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