Sem cura

Não quero sair do meu nada

Nem do absurdo quero me livrar

Quero o infinito da noite

Para minhas dores embalar

Se sou sozinha nesse túnel

É que escolhi meu destino

E agora bizarra e sem rumo

Vivo nessa maré a navegar

Sou o abstrato da poesia

Aquela que ninguém pode tocar

Não quero compaixão ou piedade

Quero música e corpos pelo ar

Vou conduzir meu enterro

No mais sombrio dos bosques

Quero folhas mortas caindo

O sussurro dos amantes perdidos

Não provei a boca amante

Nem fui contigo ao delírio

Nem sei o gosto do beijo

Dos teus braços nem guardo lembrança

Nunca estive em seus sonhos

Nunca fui vizinha da esperança

Não me mostre seu carinho

Nem me beije com ternura

Vou sair bem de mansinho

Antes que mostres minha cura.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 03/02/2009
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