Deixa-me ser

Apenas ser...

Não ter corpo e tão somente

Morar em tua imaginação

Quero ser do jeito que sonhastes

Com o perfume que queres sentir

Ser uma, duas ou três

Tanto faz ser outra vez

Ser aquela que te enche os olhos

Ser a que te tira o sono

Tua poesia no inverno

Ou teu calor no anoitecer

Deixa-me ser pura ilusão

Não existir de fato é minha sina

Nem ter corpo ou coração

Sou algo inusitado

Nem sequer acabado

Pela enorme construção

Deixa-me ser alguma coisa

Pra que eu tenha sentido

Divido-me, me integro

Reparte-me em partes, nem ligo

Deixa-me ser um pouquinho

Ou o muito que esperas

Quero ser simplesmente

Um sonho, uma quimera

Fazer parte de teus momentos

Na solidão te acompanhar

Beber na mesma taça

Respirar o mesmo ar

Sou a música, o beijo não dado

O afago contido, o amor calado

Deixa-me ser simplesmente

A água que banha teu corpo

E o sal que te faz despertar.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 24/03/2009
Código do texto: T1503125