“Meu coração, tua casa...”

 
Do teu silêncio
conhece o meu coração!
Ele sabe que tu andas
dentro dele às escondidas
e te impedir ele não pode,
ele não quer...
 
Não te vê e não te toca,
mas sente em si (eu sinto),
o teu doce,
o teu leve caminhar...
 
E apreensivo bate forte,
a cada suave toque
do teu pezinho de mulher,
no coração deste homem,
que agoniado te quer...
 
Sei que nele solta tu andas,
estás à vontade, é tua a casa;
cantas!
Sabes que ele é teu!
Tocas então,
nas paredes do teu/ meu coração!
Acaricia-o ternamente com a mão!
Conhece-o! A ti ele não tem segredos!
Tu és dele a dona!
 
E  cruelmente tu o beliscas.
 
Vinga-se, eu o sei, eu o sinto,
causando-me deliciosa dor,
e a ouço murmurar...
 
_____Vê homem, vê meu amor,
o que com teu coração eu faço!
Vingo-me de ti a cada beliscada!
É a dor das noites, a troco de dor,
que por ti desesperada,
 a te pensar passo acordada...
Não vês então, que sou casada?
 
E com raiva o beliscas de novo
e de dor eu me curvo,
a sofrer...
 
E novamente te ouço dizer...
 
____Assim eu dolorosamente te belisco
para que tu não me esqueças...
E ainda o coração vou te morder,
quero pois,  que de dor tu te torças
que tu desfaleças
e que tu vejas,

que minha fragilidade de mulher,
é de mim a maior  força...
 
___ És casado!
Olha o que tu fizestes de mim!
Olha o que de nós tu fizestes...
____Quanto tens me judiado
e o quanto eu muito tenho sofrido!
____Tenho ódio mortal de ti homem!
Eu te odeio, eu te odeio amor querido,
pois do único coração possível,
que é meu, o coração do meu marido,
fazes-me no teu eu querer andar...
Fazes-me querer o impossível,
eu a ti desejar,
devendo te odiar!
Fazes-me que eu te deseje muito,
que eu te anseie assim,
 mesmo sendo  proibido...
 
Athos de Alexandria   08-04-2009