Um simples nada

Ai! Quem me dera

Ser de teu sonho a quimera

Alguma coisa sutil

Qualquer coisa quem dera

Sou nada, algo assim vazio

Pedaço de vida quebrada

Como cais sem navio

Ai! Quem me dera

Ser um sonho de amor

Alguma espécie de flor

Que teu jardim acolhesse

Sou folha seca do inverno

Rastro apagado pelo vento

Voz que soa num lamento

Ai! Quem me dera

Ser a bela que passa

Que ri e acha graça

Senta no banco da praça

Esperando você passar

Sou o frio da chuva

A agonia da insônia

Caco de tudo que sobrou

Ai! Quem me dera

Ser o vento que sopra

Teu rosto em forma de beijo

Que brinca contigo na tarde

Na areia da praia que vejo

Sou as gotas que ninguém enxugou

O vendaval que passou

Que ninguém sentiu saudade

Ai! Quem me dera

Ser essa aí do poema

Que inspira o poeta e amena

As dores de amor dos andantes

Sou letra ímpar e sem par

Que derrama tristeza no ar

Que passa e ninguém vê

Ai! Quem me dera

Ser pelo menos a rua

Que teus passos recebe

Só pra poder te tocar

Sem pedir, sem reclamar

Sou o resto de água da chuva

Poça esquecida na estrada

Por onde ninguém vai passar.

Participação poética do poeta EURIPEDES RIBEIRO BARBOSA

Ai quem me dera

Ser o gênio da garrafa

Ser o senhor dos desejos

Ser o mago dos anseios

Quem me dera

Para não ouvir teus suspiros

Lamentos de desencanto

Poder enxugar teu pranto

Te abraçar

Quem me dera!

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 24/04/2009
Reeditado em 28/04/2009
Código do texto: T1557692