Despedida

Quem sou eu para escrever o que sinto

Se já nem sei sonhar de tanto que senti

Quem sou eu pra contar histórias

Se já me perdi em páginas de antigas memórias

Já não faço parte da metade de ninguém

Quem quer cicatrizes e lembranças perdidas?

Fique longe olhando eu passar

A figura angelical nem sempre é real

Não me descubra de meu passado sombrio

Deixe-me assim, nesse eterno frio

Tenho medo de te enfeitiçar

Não quero que fiques comigo a sonhar

Não sou ninguém que se possa estar

Jogue esse amor na direção do vento

O entregue a alguém no caminho

Alguém doce e com sonhos por realizar

Sou amarga, sem cor, sem presente

Tenho asas que me fazem sonhar

Sou quase um deserto, sou quase tudo

Um pedaço de terra escondido

No vagar da lembrança, no meio do mundo

Vá! Pertença ao futuro sonhado por alguém

Siga sem mim, eu fico aqui te vendo passar

Eu quero assim, não pertenço nem a mim

Nem sei onde estou, como podes me amar?

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 13/05/2009
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