ALMA MORTA

Na manhã, ao despertar,
embrulho minha alma já morta,
calada,
e vou trabalhar.
Sigo regras, sigo modas,
para mostrar a senha
que me permite alimentar
este corpo que teima
em prosperar e procriar.
Corpo insano e ingrato.
Esquece que para satisfazer
seu diário prato
deixa morta em casa
seu motivo de ter vindo à vida
e se junta a outros fracos
que em volta de suas pingas
deliram
e cavam.

E no retorno a ela,
no silêncio descolorido da Verdade,
olhá-la, que poderia ser uma dádiva,
será um Tempestade.