Sentidos meus

Que importa se menti?

Pra saber se é verdadeiro meu “ser”

Nem sequer parei aqui

E já tive que nesse porto descer

Que importa se aqui estou?

Se nada disso tem valor estimado

Se nasci antes de ter amado

Conseguindo assim minha alforria

Nunca fui tão fugas

Efêmera criatura formada de ilusão

Se é triste meu coração?

A quem interessa saber?

Se nem a mim restou a dúvida

O que faço das certezas?

Pra que tanto concreto se existe a imaginação?

Não se perde com o sentir

Só com o tato a vida é negação

Meu cheiro espalhado

Já é denúncia de minha chegada

Não preciso de olhos para ver

Nem tão pouco de corpo para sentir

Porque todos querem um pedaço de alguma coisa?

Eu quero a essência, o sopro, o vento

Sem contorno, sem pedaço, sem caroço

Quero os sentidos meus.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 07/01/2010
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