O APOCALIPSE É NOW

Sou o quarto anjo do Apocalipse

Pré-samba, após-calipso

Antes do fim do mundo

Inda danço uma rumba

Numa quizomba de torcer as tripas

Arrombo um cofre

Com arroubos de gênio

Eu gênio? Eugenia

Eu gemia sob os lençóis

Enquanto você ensandecia

Bebendo meu suor

Sorvendo meu licor

Os melhores da raça

Haverão de sair dos meus genes

Sou profecia feita pedra

O real que já foi sonho

Sou o filho do medonho

Sou o alfa e o ômega

O último e o primeiro

Já fui morto

Tenho as chaves da morte

No inferno ando de braços com Bel

Sou décimo terceiro apóstolo

Zebu com as novas de anteontem

Nem Deus sabe de mim

Nem Deus quer saber de mim

Já fui santo, mas também desisti

Quem se arrisca a uma bala perdida?

Quem mastiga uma pimenta ardida?

Comi o maná que o diabo amassou

Sou chegado a todos os ídolos

Idólatra inveterado, invertebrado

Sou serpente e também já fui verme

Tudo antes de ficar em pé

Homo sapiens, primata primário

Mário? Que Mário?

No armário vão entrar na ordem

Primeiro os meus que são ateus

Depois os teus, os fariseus

Agora tenho gravata e mala preta

Só compro cuecas com bolso embutido

Pronto pras maiores tretas

Canetas, muitas pra falsificar

De olheiras eternas no fim da fila

Eu vivo sonhando

Em ser sempre o primeiro