Nau fantasma

Prefiro ser assombração

Dos amores que nem cheguei a ver

Das dores que gostaria de ter

Das feridas que provoquei em vão

Dos amores que desprezei no caminho

Restam ruínas de dores e prantos

Quero morrer de amor como se vive

Pra dizer que vivi inteira e nua

Me encosto nas varandas enluaradas

Das ondas crespas que se vão

Batem em pedras as coitadas

Sem se importar se voltam ou não

Sou imaginação dos pobres amantes

Que se entregam e se perdem nas noites

Sem eco, sem resposta, sem alento

Entrego-me sem medo ao vento

Que me possui salgando meu corpo

Para que eu possa parir a noite

Em que sozinha vou chorar de novo

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 26/03/2010
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