Me resta o grito

Fujo do deserto, assolador de almas...

E acho o mar que afoga...

Pra onde correr?

Pro universo sem forma e escuro?

Flutuo solitário nesta terra solitária, que vaguei no nada sombrio.

Estamos fadados ao resumo...

Mas eu quero, quero, quero mais...

E o mais que tende ao infinito, pois sempre há mais.

Mais que é nada, como o tudo, infinito e sombrio universo.

O universo quer mais, porque vive em si e conhece o finito do seu infinito.

Ele não suporta o seu finito.

E nem o tagarelar das estrelas, que lhe impõe menos que seu real limite.

Dói ser preso por mordaças.

Mordaças invisíveis,

Cápsula de vidro, onde percebemos o limite, mas não o vemos.

Não sei como me libertar.

Só me resta o grito, talvez ele abale as estruturas.