Que fim tem?

Memoria desunida quero tanto o fim e você o inicio.

Os meus dias são tao iguais se o passado vem e vai,

desalento do meu humor vivenciando os dias repetidos.

Tentaria me jogar no mais fundo lago escuro, mas não posso,

devo tanto a vida que nem a morte me aliviaria.

Fui ontem o que sou hoje e amanha serei o meu ontem,

fugir, fugir, fugir... queria tanto não ser eu mesmo apenas um dia

que desgloria me ver no espelho, sempre eu, o eu de ontem que não se vai.

E você que lê e não sabe a minha aflição, lê a poesia e pensa no meu dizer,

não ha nada para ocultar nas palavras mais complexas.

Então é hora,

deixar os detalhes, os dias, as noites,

coloca-las na pandora da vida e joga-las ao mar.

Me liberte mente maldita, da memoria que me persegue

sou peregrino do tempo esvoaçado.

Caminho sobre as trevas do conhecimento, ah quem me dera ser louco,

ou ate mesmo um asno que pasta sem coragem,

socorro!!! socorro!!!

a carne já não é... ela não é nada,

o espirito tao lutador se esconde nas sombras das lagrimas que não caem,

ah Camoês, ah Goethe são tao poetas, e a dor? A dor que de veras sentes?

Onde escondi meu dias mais gloriosos? Que gloria tem um homem surdo?

Meus ouvidos não se abriram!

Tanto disseram nas linhas poéticas alimentadas de tao viva alma que...

nada, nada, és tao inútil o léxico nas coisas da vida.

Mas por onde a de escorrer as dores, os amores, as mentiras?

A boca mais santa ousa a negar-se a uma mentirinha?!

Bom é ser homem, e o homem mente e diz a verdade ao mesmo tempo,

colorindo a vida nos usos mais inimagináveis da língua,

o sábio sabia,

e eu que nada sei?

Irei a tumba um dia,

e lá ficará a minha pandora