Delusão
Quando se deu por conta estava sozinha.
Olhou para o lado, achou graça.
Perdeu o caderno e ficou nua
Sentiu um frio de arrepiar os pêlos
E sentou-se na calçada.
Quando se deu por conta anoiteceu.
Olhou para o céu e nenhuma estrela havia
Nem mesmo a Lua quis fazer-lhe companhia
Sentiu um frio de arrepiar os pêlos
E foi pra casa sozinha.
Quando se deu por conta se perdeu
Olhou ao redor e a rua não conhecia
Calou, desolada, o desespero.
Sentiu um frio de arrepiar os pêlos
E continuou a caminhar perdida.
Quando se deu por conta encontrou-o
Olhou nos olhos, que disseram tudo.
Não houve palavras, nem mesmo gestos.
Sentiu um frio de arrepiar os pêlos
E seguiu acompanhada a vida.
Quando se deu por conta apenas sentia
Olhou pra ele, tão perfeito.
Contemplou a beleza que resplandecia
Sentiu um frio de arrepiar os pêlos
E valorizou cada segundo que dividiam.
Quando se deu por conta estava sozinha.
Olhou para o lado e desconhecia
Passaram-se meses, semanas, séculos.
Sentiu um frio de arrepiar os pêlos
E percebeu que entristecia.
Quando se deu por conta encontrou
Olhou para a Lua que lhe sorria
Tornou-se plena e contente.
Sentiu um frio de arrepiar os pêlos
E feliz, sorriu-lhe pra sempre.