"Antagonia"
A neve caíra ainda há pouco.
E, pode-se ainda sentir o frio,
Do vento cortante como junco
Agora mesmo colhido.
Como um verme no esgôto
Remexe-se o homem na calçada
A medula atingida pelo sôco
Os ossos doloridos.
O desamor, desapêgo, a desilusão.
No furôr da morte cogitada
Desde sua nascença convivem:
O adeus, a pêrda injusta e
A incompreensão.
O sol saíra ainda há pouco.
E a neve, branquinha derretendo
Inverte o sentido do macabro
Em agonia do sempre.
Nunca.
Sempre.
Nunca.
Sempre.
Nunca, nunca, nunca mais...
Sempre!