Descrição de um dia qualquer IV
Se de repente eu parar de escrever,
é porque os assuntos me esqueceram.
E de ser deixarei aquele poeta,
que nas noites escrevia,
e nas madrugadas... dormia!
São anos escrevendo poemas,
cartas, canções, roteiros...
e se um dia não escrevo, enlouqueço,
estremeço e adormeço.
Adormeço sobre meus pensamentos,
que dispersos, mais intactos,
vão buscar inspirações,
através das visões...
Quantas vezes viajei a uma floresta,
só de olhar a copa das árvores.
Quantas vezes fui ao fundo do mar,
só de olhar os olhos azuis da menina.
Quantas vezes vi o coração pulsar,
ao ver uma rosa formosa.
E quantas vezes vi o ouro,
ao olhar e admirar o Sol.
Prata é a Lua...
Que a noite ilumina,
e me enfeitiça, me fascina,
uma estrela guia,
fonte que me inspira...
Onde está aquela poetisa,
que tempos atrás,
mostrara-me seus poemas,
e perguntou se eu gostara.
E ao olhar em meus olhos trazia,
a magia de criança...
aquelas gostar de palhaço,
de amar o ilimitado,
e se arriscar ao abstrato...
sem ter medo de se machucar...
sem ter medo de se ferir
em espinhos por ai.
Que se ao menos conseguisse
não me ferir
já era algo de positivo para mim.
Positivo, negativo,
íons, carga elétrica...
Uma corrente elétrica descarrega
sobre a minha cuca...
Que te pega daqui,
te pega de lá...
E ao mesmo tempo
funciona daqui,
funciona de lá...
E que escreve e que descansa
e que cansa e que morre.
Ufa! Que loucura!
Vejo plumas caindo
por cima de mim...
Brumas, plumas
que indicam
o desfecho
de mais um poema
que uma noite
descrevi um outro dia qualquer...
Sem estar ou querer estar
como um qualquer.