Devorei a escuridão

Sabia que hoje devorei a escuridão?

Sim com toda fome da tua ausência

No apetite que me deu a demência

Foi ato de glutão, de tolo e bonachão

Devorei com uma boca de sucuri

Inspirado em teu breu mais profundo

Foi de repente, sem aviso, nem percebi

Acho que fui contigo um tolo imundo

Destruí laço com esta faminta mansidão

Sabia que ouço silvos em clarividência?

Sim de duendes imortais da sofreguidão

Mas agora minha fome deu-lhes ciência

Se voltarem aqui verão que nunca menti

Duendes malditos de meu abismo fundo

Dessa mente parada na casa fria que teci

Neste lar que ainda corro e bem te fecundo

Mas hoje o escuro se foi em indigestão

Com dores mortais e cadenciadas de parto

Nesta minha ébria, louca e devassa podridão

Olho campos já bem secos, olhos meus...

Onde estarão as lágrimas? Partiram daqui?

Ainda lembro coisas finas dos olhos teus

Penso que nesta frieza da vida me reparto

Dou o som, um arroto desta escuridão

Depois limpos os lábios sujos e enfarto

Uma indigestão fulminante, breu de saci

Corroeu o estômago que acolheu os seus

Escureceu a alma, assim mais contigo pareci.

Lord Brainron

lordbyron
Enviado por lordbyron em 17/02/2011
Reeditado em 17/02/2011
Código do texto: T2797325
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