Maldição

Eu deusa? Não! Cismo que nunca hei de chegar a tal patamar

Sou apenas a moça…

A moça sonhadora e hiperativa, escondida nos arredores

De um interior que nada move, nem move ninguém.

Aqui tudo é muito estranho, mortificado...

Não há lugar para os cultos, não há lugar para os quietos.

Os seres são obcecados pelo poder, pelos julgamentos e pela vida alheia.

Percebo as pessoas que se perdem facilmente em labirintos, enganando-se

Iludindo e desiludindo-se… Ah, esses frequentadores de coisa nenhuma

Cochicham uns dos outros, blasfemam, fazem cócegas em seus demónios interiores.

As vezes tenho a impressão de que o céu foi consumido por esse inferno.

As vezes sofro as minhas inquietações , e chego a odiar as lutas que perco.

São tantas as lutas que perco, que já nem sei se sei ganhar alguma.

Sombras me enganam, chegam mansamente como a noite

Acendendo-me estrelas de esperança, que pouco a pouco apagam-se.

Queria gritar!

Queria dizer: Fodam-se todos vocês, foda-se esse diabo que mora no meu teto, e que tanto me perturba. Sei que em seu salto alto acende cigarros e rir de minhas inquietações…

Ele tem um cão amarelo que prendeu na sua coleira o destino mutável, estamos enterrados aqui…

Onde é sempre verão, quente e desgrenhado.

Ah, inércia covarde!

Algum dia hei de jogar-te janela abaixo,

Pisar-te, até que teu sangue escorra com a lama que aqui corre a céu aberto…

Oh, vida, venha

Venham lentamente sem fim.

Deslumbre-se, detenha-se

Resida em mim...

Janaina Cruz
Enviado por Janaina Cruz em 18/06/2011
Código do texto: T3042491
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