Eu Mesmo, Onde Moras?
Quando anoitece, vem com o negro
O medo.
Na casa vazia,
Negra magia contando segredo.
A insônia é amiga vazia
De quase todas as noites.
A porta fala de tudo o que saiu
E do pouco que entrou.
As janelas...ah! as janelas...elas...
Não tem mais horizontes.
Talvez o amor foi morar
Atras dos montes.
Dos montes....
Montes de lembranças...
A mesa recorda momentos de amigos
E quando a luz apagou,
O breu revelou os inimigos.
Os corredores das memórias dos horrores...
De horrores não é mais...
Foran-se as fotos...
Foran-se os sonetos.
Escorrem com as lágrimas,
Pelos vãos dos dedos.
Do quarto...
Quatro quartos são de sombra.
Visões, pensamentos que assombram
As coisas parecem falar
As coisas são pequenas
E logo são grandes,
Como o tic-tac do relógio quase
Imperceptível
Que vai crescendo marcando
O tempo
E nunca dizendo
O tempo que falta,
Nem o tempo que resta
Só fica o tempo que não fica...que não ficou
O tempo, tanto faz...
O tempo era alíseo...
O tempo é suplicio.
A quanto tempo estou velho?
Por quanto tempo fui jovem?
Sou jovem que não teve tempo
De envelhecer
Sou tempo que não sou velho
Sou jovem que não tem tempo
Pois meu tempo..é agora!
Ei...Eu mesmo! Onde moras?
Moro aqui...dentro de mim comigo,
vendo, de madrugada as horas,
enquanto todos vivem o tempo de dormir.