CRACK

Sou perverso e domino,

Mudo até personalidades,

Atraio pela minha morbidez,

Mesmo sendo uma escória,

Subproduto da cocaína,

Mas tenho meus atrativos,

Talvez pelas curiosidades.

Quem me procura?

Os jovens de corpos sarados,

Atraentes pelas suas belezas,

Formosuras da juventude,

Que teriam destinos bonitos,

Pois tem tantas vitalidades,

E no entanto caem no vício.

Sou pedra pequena com arestas,

Não tenho o perfil das jóias,

Trabalhadas pelos artesãos,

Que brutas bonitas se tornam,

Cobiçadas até pelas suas belezas,

Mas quem me traga entra em delírios,

Pois causo muitas alucinações.

Vou penetrando em suas mentes,

Ganhando espaços quando me cheiram,

E aos poucos domino as entranhas,

De quem procura muitas euforias,

Pois causo dependência química,

E quem me busca não se liberta,

Mesmo vendo suas transformações.

Esquálidas figuras quase que zumbis,

Passos vacilantes em busca do nada,

Mentes pervertidas que até matam,

Pois tiro-lhes todas as dignidades,

Construídas em famílias bem constituídas,

Mas que agora tristes vêem os despojos,

Da figura bonita que lhes davam orgulhos.

Choram e até tentam lhe libertar,

Mas sucumbem diante das realidades,

Pois o jovem bonito cheio de perspectivas,

Que seria o orgulho quando formado Doutor,

Agora é um trapo que nem o espelho espreita,

Tão dantesca é sua figura em pele e ossos,

Que para cheirar o crack pode até roubar.

Vício maldito que deveria ser extinto,

Que está dizimando nossa juventude,

Seduzindo até meninas que se prostituem,

Pois entregam seus corpos em troca da pedra,

Podendo parir filhos que serão abandonados,

Não sendo mães para os amamentar,

Perdendo a mais bela função da mulher.

08-11-2011