ERIGINDO A TAÇA

Por terras áridas habitadas por cactos, andei.

Vi o sol em Áries, em todas as constelações,

ouvi rugir o leão, pisei na cauda da serpente,

senti quebrantar o coração, me vi criança carente.

Aspirei o cheiro de mirra, adiante a minha mira,

o alvo ficou distante, um segundo obstante.

No cavalo pus a cela, hastil em punho fui à guerra,

na tocaia fiz-me fera no dia que fera já era.

Decapei o verniz incrustado no carvalho do curtume,

decapitei o rei de espadas do baralho,

provoquei o ribombo do trovão e do raio,

espanei todas as dores, plantei flores, doei amores.

Na explosão, cinzas eu colhi. Ingeri fumaça.

Dos escombros renasceu ave de prata,

os quatro elementos já pari, pari esparsa.

No berço de ouro o ouro na dose exata.

JP18092010

Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 12/01/2012
Código do texto: T3437615
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