O CORPO
O CORPO
O cérebro multissecular tenta contactar lábios em trismos
A língua qual geléia a tremular exorna exorcismos
Engole o olfato mudo na iminência de falar
E meu sangue carrancudo é blasfêmia a nadar.
O corpo é a tegumentária aflogística das sensações
Da logística solitária de uma viagem a outras dimensões.
Em pés calosos equilibra membros que se discordam
E gudes tristonhas que mesmo fechadas nos acordam,...
Como é frágil nossa composição! A água é a vida mole...
Insípida, inodora e incolor, mas esqueceram de interrogar
Porque tanta dor? Moléstias sorvem-nos para nos assemelhar
E as drogas tentam prorrogar a vida, matando-nos gole a gole...
O humano se acha espetacular, mas de um susto ele pode se eliminar.
Minha mente brinca com meu corpo,... O que há nesse meio?
O corpo é burro, não reage porque é a mente que tem o dom do suicídio
Ela traz o DNA de pensamentos mais temíveis de uma raça neandertal
E o universo não tem corpo celeste! Tem é uma mente exemplar
Ali não inexiste o nitrato de prata que te faça bonito ou feio
Oco ou com recheio é tudo uma família habitando o mesmo presídio.
Acham-se celebridades, estrelas, astros,... É uma escória comercial
Corpos que serão escorraçados de sua rigidez vaidosa
E terão uma palidez, talvez mais merecedora e dadivosa.
O sangue miscigenado flui inexcedível em sua maratona
Basta-lhe uma artéria entupida, e é o fim do caroço de azeitona.
Vi tanta gente que malhava em academia, não fumava, não bebia
Tomava água mineral, dormia cedo, tomava vitaminas, fazia a sesta
Banhava-se em sais, agora fertilizam a terra,... E eu estou na festa!
Qual a lógica da vida e da morte? O que fazer com essa vil mercadoria?
Para eu o corpo é tão perecível quanto o orgulho que ostentamos
E pode ser belicoso,... Depende do cérebro que educamos.
CHICO DE ARRUDA.