FATO VERÍDICO

FATO VERÍDICO

A poética é-me laboriosa nesse presente de paz dolosa

Nuvens enxertadas de chumbo são-me coriza habitual

O sol colorido ceva o fígado em constrição gulosa,...

Arroto o caos dos meus órgãos no palato da dor corporal

As letras saem da lembrança espirrada na seca tosse

E a febre é o termômetro hipotermal do tino sem posse.

Estou em colapso, sinto o coração bater no dedão do pé!

Pernas tremem orquestrando uma sinfonia de candomblé

E a respiração ofega no gás carbônico do meu cigarro.

Diz-me o cientista, médico que porventura é meu primo

Que os meus prazeres fazem-me um coquetel de desarrimo

Oras bolas! Se a vida é o lar da morte na gripe que escarro

Porque vou privar-me da morte que é a vida hipocondríaca?

Não temo essa venturosa! Meu medo,... É morrer de medo.

Todo céu é um inferno, e a mente, é uma ilha paradisíaca

É o monopólio da razão inquestionável e sem degredo,...

Isento de superstição, simpatia, macumba e hipócritas crenças

O mundo há de se conscientizar que é amásio de suas doenças.

Suo os versos que aqui vomito na insistência de manter-me são

Escoro meus parágrafos na detenção da leishmaniose de um cão

Verto-me em diarréia, estou em evaporação, felicidade insípida

Das reticências interrogadas que exclamam essa veracidade...

Sou cônscio que minhas linhas complexas carecem de docilidade

Mas,... Não te avisaram que a infelicidade é insone, pura e ríspida?

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 29/08/2012
Código do texto: T3855848
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