RITOS URBANOS
Montes de pedra cercam-me quadrados
Explodem crescentes dragando a alma
Sem medo, sem glória, sem trauma
Diretos, escusos, espreitam o caminho
Silêncio violentado... Breve tremor.
E o passo aperta, sem tino, sem meta
Vai! Exorciza-me! A mente! E sente!
A força do doce luar inocente
Que ao longe se faz descrente
Dominando o espírito revolto.
Em sombras, nas sombras resides!
E o ponto final se escoa, esvai
A força por entre os botões
Pulsa o músculo contraído
Sem controle, sem consolo.
Entre retas e secantes cortando
Procuro encurtar o tempo, latente
Inerte! Por certo se dará o fim!
Escuro. Não vejo mais o contorno
Disforme, envolvente na pele.
E noto a luz! Tênue no horizonte
O brilho! Como se corda fosse
Que me pudesse tomar o verbo
E num fôlego descobrisse o verso
Chego enfim ao meu destino.