Falso Soneto
Ao beirar o mundo, o príncipe medieval
faz da vida o seu eterno castelo.
Faz das formas variáveis suas constantes
E das donzelas, para sempre amantes.
Transforma a vida a seu querer,
Faz dos arredores seus jardins
Faz das tulipas, sua estrada de cortejos.
Vestindo de santo seus nefastos desejos.
Indaga-se ao descer de seu pedestal
E ver, abaixo de si, um cenário banal.
- Quem és, ignoto, baixo e vil?
- Mendigo, porém não bobo.
Venho em busca do que faz parte do povo.
Embora eu de pouco possa ser gentil.
Furtou-lhe apenas o que havia de fútil.
Em sua então eterna cena inefável
Temos do príncipe o mais novo miserável