Falso Soneto

Ao beirar o mundo, o príncipe medieval

faz da vida o seu eterno castelo.

Faz das formas variáveis suas constantes

E das donzelas, para sempre amantes.

Transforma a vida a seu querer,

Faz dos arredores seus jardins

Faz das tulipas, sua estrada de cortejos.

Vestindo de santo seus nefastos desejos.

Indaga-se ao descer de seu pedestal

E ver, abaixo de si, um cenário banal.

- Quem és, ignoto, baixo e vil?

- Mendigo, porém não bobo.

Venho em busca do que faz parte do povo.

Embora eu de pouco possa ser gentil.

Furtou-lhe apenas o que havia de fútil.

Em sua então eterna cena inefável

Temos do príncipe o mais novo miserável

Cynthia Funchal
Enviado por Cynthia Funchal em 25/02/2007
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