árvore de outono ii (antidepressivos alcoólicos e falantes)

vai, me diz tudo aquilo novamente,

como se meus sentidos carecessem da verdade.

eu não quero mais acreditar nas palavras,

aliás, toda palavra é distorcida pela força do hábito

e todo hábito tem como característica a distorção.

não, não é bem assim.

nunca nada se tornou tão fácil como mentir;

nunca nada se tornou tão distante como a felicidade plena;

nunca nada se tornou tão óbvio como a escravidão.

nunca nada se tornou tão nada como eu me tornei...

vai, continua esse jogo banal e sujo,

vamos começar isso mais uma vez meu amor.

quero poder esquecer esse mundo

de palavras, gestos, sons, imagens e injustiça.

há muito sangue e suor a serem derramados,

e todo dia eu suo, e todo dia eu sangro...

porque eu? porque? eu quero mais que seu sexo!

sempre e sempre, sempre e sempre... nada!

vai, apaga essa luz e deita aqui,

porque está tudo bem de novo como antes.

a quem não lembre das tormentas eu sei,

mas eu faço questão que isso acabe.

injustiça seja feita dentro de nossos padrões:

ética, moral e um pouco mais de tudo.

ninguém consegue enxergar o que tenho de bom,

e minha vida segue, sua vida segue... a vida,

como algo que devemos apenas ter

guardado em uma gaveta ou jogado num baú antigo,

enjaulado como um pássaro...

mas eu quero voar, eu quero viver muito mais que isso,

muito mais do que você não sabe e não entende,

muito mais que um momento, um flash, 15 minutos,

muito mais que um colégio, festas e decepções,

muito mais que o colo de minha mãe, que um abraço,

muito mais que essa vida, muito além da minha morte.

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um momento de depressão. precisamos ser mais do que já somos, ligar menos para o modismo e fugirmos da customização.