INSANAS METÁFORAS

Lábios mudos da indiferença urbana
Em meio à essa vã hipocrisia
Mal disfarçada de civilidade
Que todos os dias nos rodeia...
Racional... abominável teia!
Vivo, em loucas buscas metafóricas
No inevitável fluxo da vida
Por entre os dedos escorrida...
Mas, em meio a tudo isso
Vêm de encontro a mim, as palavras;
As de todos os instantes... palavras amantes,
As que corrigem meus primários erros;
Quem as lerá?
Conseguirá alguém decifrar
Minhas insanas e imprudentes metáforas?
Quem será capaz de absorver
Meus desfragmentados poemas?
Não sei... mas preciso dessa aventura
Dessa trama de linhas, dessa loucura
Ou... enlouqueço de vez!
Adoro quando elas chegam a mim
Atingindo-me como bofetadas... assim...
A princípio, meros sons do nada
Mas, eu as transformo
Em mal formuladas frases
Em disparatados versos...
Faço-as virar meu mundo
E, no sutil e permissivo silêncio dos loucos
Mergulho num mundo pleno de magia!
Elas, então, sussurram-me respostas
Como foto tirada atrás do muro
A mim se revelam, mesmo no escuro;
E assim nascem os meus poemas
Meu grito interior isento de medos,
Meus públicos segredos...