As Odaliscas

Ontem caminhava eu

Pelas areias do Saara.

Tiamates e tigres me rodeavam calmamente

Enquanto dançavam voluptuosas odaliscas.

E eu tranqüilo como um guri

Que faz um desenho

Escrevia num papiro cheio de riscas.

Havia uma música que cada vez tornava-se

Mais e mais cheia.

E de repente chegava um estafeta

Que me interrompia e do turbante

Retirava uma carta e me perguntava

Se eu era um essênio e eu dizia “não”.

Sou o poeta mais delirante!

E cores cobriam o Céu

Que já não era mais azul.

Estava mesmo no Saara ou em Patmos?

A música cada vez mais e mais cheia.

As odaliscas agarrando-me as mãos,

Obrigaram-me a rodar

E eu inquiri para que tudo aquilo

E elas proclamaram em coro

Que era para os jovens de Poesia

Voltarem a gostar.