POETA PERDIDA

Pergunto-me...
Em que letra me perdi?
Em que verso vacilei?
Onde... onde me desviei?
Em que rima destoei?
Em que curva poética
Atravessei...?
Como foi, que eu não sei...?
Sei que é transitório
Sei que passa
Mas, enquanto não passa
Dói demais
Não dá paz!
Essa vontade de poesia
Essa vida vazia
Essa dor, essa agonia!
Saberei tudo sobre viver...?
Saberei sobreviver?
O que fazer
Assim, nesse mudo perverso
Sem rima e sem verso,
Sentimentos desconexos
Nesse lento passo
Sem noção e sem compasso?
Escrevo coisas sem sentido
Um tudo
Um nada
Uma folha dobrada,
Uma página virada
Linhas que deixei em branco...
Que agonia!
O verdadeiro poema
Estaria no eco do nada
Que senti
Ou na mera ilusão
Do que ainda
Não vivi...?