Um soneto apenas

A ave desdobrou suas imensas asas

Soltou suas pernas e voou rumo ao infinito

Murmuravam vozes no silêncio

O vento frio ecoava nos vales o fogo rasgava a escuridão...

E voou entre o negro e o chão que estava em chamas.

Meus olhos desesperados ansiavam em vão

Sabia que voava, pois era aquele o dia da liberdade.

O negro noturno quebrava todos os limites

Ignorava tudo que já conhecia e buscava o novo.

Eu sabia que este seria um vôo eterno

E o infinito estava diante de meus olhos

Das palavras não ditas, nesse cale-se de vozes

Sem ruído, sem sossego, sem esperança.

Lábios aprisionam

Tomam-me como cálice de silêncio e dor.

Degustam-me gota a gota,

Vê a noite que caiu em meu corpo frio

Sente o manto do vazio que toma meu ser

Venha e despose essa serva que só viveu por ti

Beija a boca seca de quem já foi e sonha.

Vai te sem júbilo, vai te sem drama

Tome como cárcere a terra, as pedras,

O pó de teus antepassados.

Vai-te.

E não abra teus olhos para espiar minha dor

Nem veja tua filha gritar em meu ventre,

Nem sonhe com o que seria ficar aqui.

Conserve sempre este rosto calmo

Diante de minhas adversidades

Não sonhe meus sonhos, pois sempre foram tão teus,

Vai-te.

Faça uma ode a tua solidão,

Não estou só...

Velei teus olhos sobre à noite de lua nova

No vale dos esquecidos chorei teus olhos

No eco da noite fui tua voz.

Toquei tua boca prostrei-me junto de ti

Curvei-me em ti, e senti os ecos de tua alma,

E agora, peço,

Vai-te.

Buscadora
Enviado por Buscadora em 25/03/2007
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