ESTÁTICA
Não sei o que há
Não sei o que fazer
Não sei se vai passar
Se vou sobreviver
Só sinto a cada instante
Uma ferida mais viva
Na carne vermelha e sangrenta
O pus que escorre dela
Torna minha face amarela
Fraca e fácil de perder
Perder os sentidos
E a razão
Só sobra a vontade
De dar vazão
Aos instintos carnais
Cada vez mais primitivos
Na sombra dos cabelos cacheados
E na lembrança de Ville Valo
Apenas a vontade infinita
De voar e coroar a vida
Sonho de criança perdida
Na fonte de concreto
E pedra-brita
Olhe para mim:
Pareço um ser normal
Mas nã há nada,
Afinal
Que me faça ser diferente
Daqueles seres dementes
Que ardem no inferno
E dos anjos celestiais
Que tocam trombetas
No paraíso
Você é meu pai
Me nega o vinho
Que movimenta a alma
Você é minha mãe
Me cobra a atenção
Me rouba a calma
Você é meu irmão
Me pede tudo
Me cede nada
Você é meu amante
Você é meu cedente
Humano inconseqüente
Malvado seqüelado
Com chicote de cipó
Rouba meus sonhos
De pradaria
Meias frases, meias verdades
Meias coloridas
Comidas sumidas
Como o fósforo do demo
Aqui, eu me confesso
Na minha confissão
Só há uma versão
Para a interpretação
De Marylin Manson