MEU DIÁLOGO COM O FIM

MEU DIÁLOGO COM O FIM

Dou-te como autógrafo um spray dos meus pensamentos

E eles condenam-me à morte por obter tais conhecimentos.

Digo ao fim que sou feto de razões e das revoluções científicas

E obtenho em resposta que ostento doenças psíquicas

Que sou o gene mais mal parido dessa humanidade

E prenhe de juízos pseudo-intelectuais desgraçáveis.

Arrasto-me, Zé-da-véstia, na lama da minha racionalidade

Agarro-me, frigido, em paredes que me olham amputáveis

E sinto que dessa sociedade plurilateral, sou a choldra da raça

Um desambientado com nitroglicerina no sangue.

Sou a poeira estelar num universo de bumerangue

Filho das miríades de abismos sóbrios de cachaça

Das letras humanas sou canção subjetiva do descalabro

Mas não compactuo silente da evolução do macabro

Que desde a pré-história o homem é um presente frívolo

E a passos de lesma voa no seu vaidoso ar flamívomo.

Diz-me, o tal, que somos descartáveis por excelência

Por nossos atos vândalos, por adocicar nosso egoísmo

E que nenhum céu a de sublevar-se por nossa prepotência.

Percebo-me na obrigação de concordar com meu ateísmo

Pois o ensinamento arcaico de velas acesas em sepulturas

De imagens de anisomorfia e de joelhos dobrados à surrealidade

É-me dor no batismo, na crisma, e na reza de vacuidade

E nessa cruz de tantos assassínios, avultamos vis esculturas

Quer-se a mim! Então me leve com todo o seu carinho

Contaminar-te-ei na sua raiz e com a minha peçonha

Por saber que da sua existência fui conluiado como padrinho

E vou fazer de sua vida-morta, muita poesia sem-vergonha.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 01/08/2013
Código do texto: T4415560
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