CÍNICO MNEMÔNICO
CÍNICO MNEMÔNICO
Sinto-me, delituosamente, são em minhas palavras sem voz
Fermento, inextricavelmente, os ácidos sabores de nós
No bípede tendo em magnificência os esqueletos e tripas de pé
E que ambiciona se adonar do mundo voando de ré.
O ser humano é tão eterno quanto o neandertal e os mamutes
Morrerá voluntariamente no berço esplêndido dos desfrutes
Na hipnótica realidade da ebulição de seu chá de cogumelo
Que vaza na mente a sânie de uma ideologia ré de seu castelo
Entorpece-se no fogo de suas neves e é seu próprio inimigo.
Ninguém é o que é por acaso! Somos destinados ao jazigo
Ao amancebo com a terra e a poluição de outros espaços
Para uma nova raça evoluir até o bem perder seus cabaços
Até os orgasmos de pureza engravidar as lágrimas do coração
E assim, o neo-homem aprenderá a parir sua auto-regeneração
A areia converter-se-á em vidro, e romperá o lacre da torpeza.
Somos produtos de um inconcebível estouro de uma natureza
Que desconhece a genealogia dessa criação tão rudimentar
Porquanto seja inviolável e insano,... Repetirá esse lapidar
Vez mais vezes vai plantar, matar, para fazer fluir boa colheita
E mesmo com os nossos suicídios, jamais jogará fora a receita.
Vejo pessoas vivendo numa arca de Noé e vomitando cultura
Dão-me falsos abraços e querem decodificar minha loucura
No fundo desprezam-me e subestimam-me com muita bondade
E eu, cínico mnemônico, vou respeitando essa tal leviandade
Até o preconceito cnute ao qual sou exposto, por ser o que sou
Pensar o que penso e por isso, comer o pão que o diabo amassou
Mas não sou cria de ditados e nem crente em conceitos ignorantes
Apiedo-me dos seus valores e de seus quotidianos repugnantes
Estudaram muito para chegar aonde chegaram. Viva o meretrício!
A orgia de genes vistosos e ignotos que enfermam nossos vícios
Que copulam com os mais adversos espécimes desse ambiente
Para haurir a coerência e amiúde usar-nos, como seus pacientes.
CHICO DE ARRUDA.